segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cecília Meireles...Liberdade!

"...Liberdade, essa palavra que o sonho humano não há ninguém que explique e ninguém que não entenda..."(Romanceiro da Inconfidência)


Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Relação de suas obras:
Espectro - 1919
Criança, meu amor - 1923
Nunca mais... - 1923
Poema dos Poemas -1923
Baladas para El-Rei - 1925
O Espírito Vitorioso - 1935
Viagem - 1939
Vaga Música - 1942
Poetas Novos de Portugal - 1944
Mar Absoluto - 1945
Rute e Alberto - 1945
Rui — Pequena História de uma Grande Vida - 1948
Retrato Natural - 1949
Amor em Leonoreta - 1952
12 Noturnos de Holanda e o Aeronauta - 1952
Romanceiro da Inconfidência -1953
Poemas Escritos na Índia - 1953
Batuque - 1953
Pequeno Oratório de Santa Clara - 1955
Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro - 1955
Panorama Folclórico de Açores -1955
Canções - 1956
Giroflê, Giroflá - 1956
Romance de Santa Cecília - 1957
A Rosa - 1957
Obra Poética -1958
Metal Rosicler -1960
Solombra -1963
Ou Isto ou Aquilo -1964
Escolha o Seu Sonho - 1964

Rodas de Leitura - 01.10.2009

Através do hábito da leitura, é possível acreditar que a sociedade se transforme em um varal literário, uma sociedade composta de leitores conscientes, de bons escritores, de gente que pensa, de gente que fala, de gente que faz a diferença.As crianças devem encontrar nos livros encantamento, liberdade, harmonia, pois assim será possível pensar em uma sociedade constituída de bons leitores, por conseguinte, excelentes escritores. A leitura é pura liberdade, a escrita maturidade. A importância dos livros assume uma oportunidade impar na promoção da leitura, o livro é um mecanismo através do qual os alunos encontrarão a possibilidade de pesquisar sobre determinado assunto ou tema, descobre afinidades com as idéias do autor, desenvolve o senso crítico, enriquece seu vocabulário, enfim, inúmeros são os benefícios da leitura no quotidiano escolar. Ler é saber. O primeiro resultado da leitura é o aumento de conhecimento geral ou específico. Ler é trocar. Ler não é só receber. Ler é comparar as experiências próprias com as narradas pelo escritor, comparar o próprio ponto de vista com o dele, recriando idéias e revendo conceitos.
Visualizamos em nossas rodas, professores conscientes, comprometidos com sua leitura. O hábito de ler os tornam mais flexíveis, mais envolvidos com outros mundos, com sonhos e realidade. Professores presentes.
No último dia(01.10.2009) de nossa roda mensal não poderia ser diferente. As apresentações dos livros, única, como todas. Os professores da EEF Pe. Abílio Monteiro Neto(sede) foram surpreendentes, enriqueceram nosso acervo pessoal. Depoimentos da nova experiência de leitura de clássicos da literatura(palavras da professora de matemática), uma nova visão de leitura e de vida.
Presenteamos os professores com a dinâmica do Valente boi bumbá, contação de história do Valente, Boi Bumbá(acervo do PAIC), dramatização do vaqueiro, sua princesa e Valente, o boi bumbá.
Finalizamos, saudosos, com o chá literário.

Rodas de Leitura - 30.09.2009

Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. Na verdade, aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras. A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
É nessa perspectiva de mudança, de renovação ao ato de ler que os professores do município de Itaiçaba estão contribuindo para a transformação aos conceitos a respeito do ato de ler. O ler por prazer. E é esse prazer que a leitura está adentrando na vida deles, de seus alunos, de seus filhos, sua família.

No dia 30.09.2009, os professores do Centro de Educação Infantil(manhã) e EEF Dulcinea Gomes Diniz(tarde), ambos sede, nos presentearam com sua honrosa presença e apresentação dos títulos no Centro Cultural Heribaldo Félix.

Iniciamos as rodas com a dinâmica do Valente boi bumbá; apresentação do vaqueiro, sua princesa e o Valente Boi Bumbá; roda de leitura dos professores e sorteio dos brindes(livros); finalizando com o chá literário.

Rodas de Leitura - 29.09.2009

A leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual do ser humano, uma leitura de qualidade representa a oportunidade de ampliar a consciência, a visão do mundo. O desenvolvimento tecnológico contribuiu e vem contribuindo para agravar o abissal distanciamento do homem com o livro, comprometendo a saudável relação do leitor com o livro. A leitura representa uma ferramenta eficaz nos processos de aprendizagem, há vista, que através da leitura é possível criar uma série de conceitos e significações acerca do objeto estudado. O contato com livro torna-se um encontro sagrado, comprometimento cultural, é possibilidade de voar, de encarnar personagens, de sonhar, de manifestação, reconhecimento com aquilo que se lê.
A roda de leitura do dia 29.09.2009 aconteceu no Centro Cultural Heribaldo Félix(sede), com a presença dos professores dos distritos de Alto Brito(EEF Dom Aureliano Matos), Tomé Afonso(EEF José Helder) e Tabuleiro do Luna(EEF Raimundo Gomes).

Abrimos o encontro com a dinâmica do Valente boi bumbá, em seguida a contação de história "Valente, o boi bumbá" e apresentação do vaqueiro, sua princesa e o Valente Boi Bumbá, depois da apresentação dos livros sorteamos brindes(livros) aos professores da roda de leitura.

As exposições dos livros lidos mais uma vez nos surpreendeu. Os professores cada vez mais dedicados e empolgados para as apresentações.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Rodas de Leitura - 28.09.2009

A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo.

Tendo em vista a melhoria da leitura em nossos professores é que estamos caminhando lado a lado para desenvolver o nosso projeto, sabendo que o maior objetivo do projeto é fazer com os professores adquiram esse hábito e se tornem cada vez mais apaixonados pelos livros, pelas histórias, pelo mundo fascinante que a leitura nos proporciona.

Estamos muito felizes em compartilhar juntamente com o corpo docente do nosso município as experiências de leitura e de vida que nos são repassadas. As rodas de leitura são a prova fiel disso. As rodas aconteceram dos 28 à 01 de outubro referente ao mês de setembro. Foi mais uma vez surpreendente e fascinante.

No dia 28.09.2009 o encontro aconteceu no distrito de Logradouro. Contamos com a participação dos professores do distrito do Baixo Giqui e Logradouro.

Iniciamos com a dinâmica do boi valente. Fomos surpreendidos e presenteados com uma apresentação belíssima dos alunos da escola. Prosseguimos com a contação de história "Valente, o Boi Bumbá". Os professores apresentaram os livros lidos, sorteamos brindes(livros) com os professores e finalizamos com o questionamento: QUE REFLEXÃO VOCÊ FAZ A RESPEITO DO LIVRO QUE LEU?

Finalizamos satisfeitos com os resultados alcançados. E com uma certeza, a Leitura faz bem a alma.

O prazer de ler...Lispector!


Uma amizade sincera
Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao outro. Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro, marcando encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão contentes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto. Só que o assunto havia de ser grave, pois em qualquer um não caberia a veemência de uma sinceridade pela primeira vez experimentada.
Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de perturbação entre nós. Às vezes um telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados. De início,
quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação, pois um homem não falava de seus amores. Experimentávamos ficar calados — mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos.
Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo.

Foi quando, tendo minha família se mudado para São Paulo, e ele morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Depois de tudo pronto — eis-nos dentro de casa, de braços abanando, mudos, cheios apenas de amizade. Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação. Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas. Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. Único modo, sabíamos, e com que amargor sabíamos, de sair da solidão que um espírito tem no corpo. Mas como se nos revelava sintética a amizade. Como se quiséssemos espalhar em longo discurso um truísmo que uma palavra esgotaria. Nossa amizade era tão insolúvel como a soma de dois números: inútil querer desenvolver para mais de um momento a certeza de que dois e três são cinco.
Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas não só os vizinhos reclamaram como não adiantou. Se ao menos pudéssemos prestar favores um ao outro. Mas nem havia oportunidade, nem acreditávamos em provas de uma amizade que delas não precisava. O mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos. O que não bastava para encher os dias, sobretudo as longas férias. Data dessas férias o começo da verdadeira aflição. Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza.
Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior, incômoda. Não havia paz. Indo depois cada um para seu quarto, com alívio nem nos olhávamos.
É verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais esperanças do que em realidade caberia. Foi quando meu amigo teve uma pequena questão com a Prefeitura. Não é que fosse grave, mas nós a tomamos para melhor usá-la. Porque então já tínhamos caído na facilidade de prestar favores. Andei entusiasmado pelos escritórios de conhecidos de minha família, arranjando pistolões para meu amigo. E quando começou a fase de selar papéis, corri por toda a cidade — posso dizer em consciência que não houve firma que se reconhecesse sem ser através de minha mão.
Nessa época encontrávamo-nos de noite em casa, exaustos e animados: contávamos as façanhas do dia, planejávamos os ataques seguintes. Não aprofundávamos muito o que estava sucedendo, bastava que tudo isso tivesse o cunho da amizade. Pensei compreender por que os noivos se presenteiam, por que o marido faz questão de dar conforto à esposa, e esta prepara-lhe afanada o alimento, por que a mãe exagera nos cuidados ao filho. Foi, aliás, nesse período que, com algum sacrifício, dei um pequeno broche de ouro àquela que é hoje minha mulher. Só muito depois eu ia compreender que estar também é dar.
Encerrada a questão com a Prefeitura — seja dito de passagem, com vitória nossa — continuamos um ao lado do outro, sem encontrar aquela palavra que cederia a alma. Cederia a alma? Mas afinal de contas quem queria ceder a alma? Ora essa.
Afinal o que queríamos? Nada. Estávamos fatigados, desiludidos.
A pretexto de férias com minha família, separamo-nos. Aliás ele também ia ao Piauí. Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros.


(LISPECTOR, Clarice. In: A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964)